Teses sobre o Brasil contemporâneo

Por Gisele Leite

Professora universitária há três décadas; Mestre em Direito; Mestre em Filosofia; Doutora em Direito; Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas; Presidente da Seccional Rio de Janeiro, ABRADE – Associação Brasileira de Direito Educacional; Vinte e nove obras jurídicas publicadas; Articulistas dos sites JURID, Lex Magister; Portal Investidura, Letras Jurídicas; Membro do ABDPC – Associação Brasileira do Direito Processual Civil; Pedagoga; Conselheira da Revista de Direito Civil e Processual, Revista de Direito Prática Previdenciária e Revista de Direito Trabalho e Processo, da Paixão Editores – POA – RS.

Sim, o país possui contornos dramáticos e a tensão bipolar só agrava a situação. Há variados fatores combinados que dittam o cenário atual. E, ganham protagonismo com a mídia. A famélica manipulação das massas amplia a exposição da miséria intrínseca.

A polarização cristaliza as posições ideológicas e políticas, principalmente na estipulação o grupo A contra o grupo B, bem versus mal. Enfim, nada é tão romântico e óbvio. É fato que alguns possuem estranha saudade da ditadura militar… Muitos, porque sequer a vivenciaram.

Outros, por mera ignorância ou cobiça por lucros maiores. Realmente, a descrença e o medo na política brasileira são grandes aliados para o espectro da direita brasileira.  Afinal, a descrença cede vez e lugar para a salvação divina ou o surgimento de um salvador da pátria.

Diante da crise só resta atacar a democracia, as liberdades e, principalmente, o sistema político como um todo. Aliás, as forças neofascistas possuem o especial dom de manipular o medo como principal método político. Afinal, os neofascistas são valentes, são agressivos e usam a violência simbólica e a real, para se imporem.

No fundo, o medo é funcional e útil. E, assim, chegam ao limite de apoiar Golpe de Estado, a formação de ditaduras sanguinárias e cruéis que são capazes de destruir todos os inimigos, e implantarem sua moral e bons costumes.

Durante a pandemia, tivemos pérolas do tipo: “a covid é só uma gripezinha”… e, outras tantas… que nos fazem sentir como os miseráveis mais infelizes do mundo. O uso da desinformação, das fake news e, outras tantas técnicas auspiciosas são recorrentes e as denúncias apesar de pródigas e regulares não conseguem impedi-lo.

A luta ideológica é mesmo uma luta de classes, uma luta política e, principalmente, econômica, a experiência concreta e educativa das lutas. Afinal, há também um vasto terreno para disputar e lutar na batalha das ideias. No Brasil profundo ainda lutamos por saneamento básico, por educação pública suficiente para atender ao povo. A grande mídia está dividida e a apuração dos reais fatos se faz cada vez mais necessária. Vencer o caos pretendido do neoliberalismo requer muita força e consciência, e, nossa estranha vocação nacional para ditaduras ainda permanece viva. Infelizmente.

O debate e a construção de um Projeto Nacional de desenvolvimento capaz de articular o enfrentamento às dívidas históricas com os setores mais vulneráveis em questões de trabalho e renda, moradia, acesso à educação, saúde, cultura, com a construção de um caminho para combater a condição de país agro-minério-exportador de commodities. Diante do cenário, intriga-me descobrir como pedir desculpas em tupi-guarani.